quarta-feira, 26 de maio de 2010

Tonight: Franz Ferdinand

A banda escocesa Franz Ferdinand voltou pela terceira vez ao Rio de Janeiro para fazer a turnê de seu terceiro CD: “Tonight: Franz Ferdinand”. Os dois primeiros shows, em 2006, ocorreram no Circo Voador e na Fundição Progresso, respectivamente. Desta vez, no dia 19 de março, retornaram à Fundição Progresso. O local, apesar de ser muito quente, tem capacidade para 3000 pessoas e lotou.

Os cariocas do Moptop que abriram o show, apesar de escolhidos por voto popular, tocaram um setlist de músicas não muito famosas e que não animou a plateia, em polvorosa para a atração principal. Com aproximadamente duas horas de atraso (o show estava marcado para as 22 horas), Alex Kapranos, Robert Hardy, Nick McCarthy e Paul Thomson entraram no palco e mostraram que a espera valeu a pena.

A primeira música foi “Bite Hard”, do último CD. Uma escolha relativamente fraca, uma vez que é uma das mais pobres no quesito musical de todo o álbum. Mas tudo se resolveu ao tocarem em seguida a empolgante “The Dark of the Matinée” do primeiro CD (intitulado “Franz Ferdinand”), que levou os fãs ao delírio.

O show prosseguiu intercalando as músicas dos três CDs, não havendo nenhum predominante. Relembraram sucessos como: “Do You Want To”, “Tell her Tonight”, “Take Me Out” e “The Fallen”. Após exatamente 15 músicas, encerraram com “Outsiders” (uma música que deixa muito a desejar, diga-se de passagem), a banda deixou o palco.

Após cinco minutos de muita angústia, Kapranos voltou sozinho para o palco como se o show fosse recomeçar e cantou uma das canções mais – se não A mais – famosa: “Walk Away”. Os fãs não economizaram na voz. Daí em diante, o “novo” show fluiu. Nick McCarthy e Alex Kapranos, em sintonia, empolgavam o público, dançavam, subiam nos amplificadores, McCarthy inclusive escalou as duas torres de luz, levando o nível dos gritos ao extremo.

Kapranos ainda ganhou um “Parabéns a você”, já que no dia 20 completava 38 anos. E o show seguiu, a sintonia da banda com a platéia foi fundamental. O auge foi alcançado na penúltima música, “This Fire”, que os fãs pediam incessantemente. E para fechar com chave de ouro, a música lisérgica: “Lucid Dreams”, que teve duração de 15 minutos.

O sentimento que passou foi de que nem eles nem os fãs queriam deixar a Fundição Progresso. Após duas horas e meia no palco, os membros da banda foram saindo um a um. Quando tudo parecia ter acabado, os quatro voltaram com uma garrafa de champanhe brindando o aniversário de Alex, que se jogou na platéia levando os seguranças ao desespero. Nick não fez por menos e se jogou também.

Gritos, pulos, calor humano, foi o que marcou a noite. A espera de quatro anos por um novo show dos escoceses valeu mais do que a pena. Foi disparadamente o melhor show dos três. A banda se dedicou, a platéia cooperou, o setlist foi na medida certa. Agora só resta aos cariocas esperar ansiosamente a volta do Franz Ferdinand, mas com certeza o pensamento pós-show que ficou foi: Last night was wild.


Walk Away - Franz Ferdinand (Fundição): http://www.youtube.com/watch?v=yksVHt27-OQ

terça-feira, 11 de maio de 2010

E o felizes para sempre?

Aqui vai um banho de água fria pra todos os apaixonados.

O amor é sim o principal motivo que faz todos nós terminarmos deitados num divã antes dos 40 anos. Nós vivemos em um tempo que o amor é totalmente idealizado. Não leve a mal, você não é o único, é uma característica cultural.
Nossa sociedade vive baseada em filmes, novelas, seriados, livros que retratam um amor que não existe. Isso mesmo, NÃO EXISTE. O amor para sempre, o amor predestinado, o amor à primeira vista. E da onde isso surgiu?
Surgiu da nossa maneira de viver. Passamos a vida toda vivendo em uma linearidade, linearidade esta que está sempre voltada pra um clímax. Tudo nos leva para um clímax, desde os dias da semana até os citados relacionamentos. E aí que entra nosso grande problema. O clímax gera tédio. Tédio? Como?
Felizes para sempre? Esse é o final de todas as histórias, ué? E a continuidade? Não, não acabou ali, mas o sentimento é que ali foi o máximo do que poderia se atingir e ali acaba tudo que se pode contar, tudo de relevante da história. Acaba como?
É tudo uma questão de tesão encubado. A novidade gera uma excitação incontrolável e daí conforme o tesão encubado vai se liberando o que sobra, caso sobre, é apenas o que podemos chamar de amor. Amor este que encara a dura realidade do tédio, da rotina, e etc. E que te mostra que nada é pra sempre, que a cena do casal bonito dançando na rua, a declaração perfeita do filme, não existem. Tudo é idealizado, idealizado de acordo com aquilo que crescemos vendo.
Seria mais fácil se não entendêssemos o passado como algo ruim, o presente como algo ok e o futuro como a esperança de tudo. Porque nós nunca viveremos o futuro, nós só vivemos o presente, portanto é o que fazemos agora que vai nos mostrar o que nossa vida realmente significou. "E onde a sorte há de te levar, saiba o caminho é o fim, mais que chegar". Sim, é o percurso que importa e não o final, o final é o final, o final é o fim, o final é onde acaba, e ninguém vive o que acabou.
E aí está o problema dos relacionamentos, nós vivemos esperando os rótulos, os clímax,agora é namoro, agora é casamento. E daí o que é? O que importa é se você está feliz da maneira que está. Ninguém é obrigado a ficar preso a nada, as coisas acabam. Os relacionamentos só duram quando esgotado todo o famoso tesão encubado, você vai na rua e vê uma pessoa super interessante, mas chega em casa e vê que é com aquela pessoa que você quer estar, mesmo sabendo dos seus 300 defeitos. Não idealizem achando que com o amor vocês não se interessarão nunca mais por mais ninguém. A vida não é assim, as pessoas novas vão continuar despertando interesses. E vocês aprendam a viver, a se arriscar, entender que o presente é o que vivemos, o futuro é algo incerto e que não se vive, só se idealiza.
Desculpe-me o banho de água fria, não deixem de se apaixonar, não deixem de viver longos relacionamentos. Só tenham em mente que os filmes não são realidades, que o "felizes para sempre" talvez seja a coisa mais tediosa de se viver e que as pessoas não sabem o que você espera delas, e por isso vão te decepcionar.