O curta-metragem de Jorge Furtado não deve deixar de ser assistido. Com um ar completamente irônico, ele leva o espectador a refletir desde o assunto simples que é a evolução, até o mais crítico: a miséria.
Apesar do filme ter sido feito há alguns anos atrás, ele retrata uma questão muito séria, que, infelizmente, ainda perdura.
O início do curta exibe de forma simplificada e rápida como seres humanos se diferenciam dos animais. Com sarcasmo e imagens fortes, como por exemplo os cadáveres de judeus da Segunda Guerra Mundial, ele mostra sutilmente que independente da raça ou credo todos são iguais.
A questão mais relevante e interessante é ver como o filme se desenrola. Este passa da evolução humana para a desigualdade social de forma coerente e imperceptível. Furtado conduz de maneira sempre irônica e termina sem dar afirmações, mas apenas insinuações polêmicas.
O diretor consegue chegar aonde quer. Ao sair da exibição de “Ilha das Flores”, as pessoas não vão deixar de se perguntar se é correta a maneira que o dinheiro rege o mundo. Este sendo a forma fictícia que o homem encontrou para substituir a troca feita pela balança.
Esse documentário pode ser o ingrediente necessário para que a população mundial perceba que a sociedade do excesso, só gera desperdícios. A mensagem é clara: a valorização extrema do dinheiro e a não preocupação do rumo do lixo doméstico, resulta na exploração de um povo miserável que precisa de auxílio.
Jorge Furtado com seu bom-humor, consegue mostrar de uma forma tocante, clara e rápida a degradação da sociedade e um problema alarmante: os lixões. Para quem vai assistir esperando uma comédia- romântica do diretor, como “Houve uma vez dois verões” sairá decepcionado. Mas com certeza com indagações muito importantes sobre a miséria, a natureza e o dinheiro.