sábado, 20 de março de 2010

Ilha das Flores

Assistam antes de ler: http://www.youtube.com/watch?v=KAzhAXjUG28

O curta-metragem de Jorge Furtado não deve deixar de ser assistido. Com um ar completamente irônico, ele leva o espectador a refletir desde o assunto simples que é a evolução, até o mais crítico: a miséria.

Apesar do filme ter sido feito há alguns anos atrás, ele retrata uma questão muito séria, que, infelizmente, ainda perdura.

O início do curta exibe de forma simplificada e rápida como seres humanos se diferenciam dos animais. Com sarcasmo e imagens fortes, como por exemplo os cadáveres de judeus da Segunda Guerra Mundial, ele mostra sutilmente que independente da raça ou credo todos são iguais.

A questão mais relevante e interessante é ver como o filme se desenrola. Este passa da evolução humana para a desigualdade social de forma coerente e imperceptível. Furtado conduz de maneira sempre irônica e termina sem dar afirmações, mas apenas insinuações polêmicas.

O diretor consegue chegar aonde quer. Ao sair da exibição de “Ilha das Flores”, as pessoas não vão deixar de se perguntar se é correta a maneira que o dinheiro rege o mundo. Este sendo a forma fictícia que o homem encontrou para substituir a troca feita pela balança.

Esse documentário pode ser o ingrediente necessário para que a população mundial perceba que a sociedade do excesso, só gera desperdícios. A mensagem é clara: a valorização extrema do dinheiro e a não preocupação do rumo do lixo doméstico, resulta na exploração de um povo miserável que precisa de auxílio.

Jorge Furtado com seu bom-humor, consegue mostrar de uma forma tocante, clara e rápida a degradação da sociedade e um problema alarmante: os lixões. Para quem vai assistir esperando uma comédia- romântica do diretor, como “Houve uma vez dois verões” sairá decepcionado. Mas com certeza com indagações muito importantes sobre a miséria, a natureza e o dinheiro.

domingo, 14 de março de 2010

Dia de Sorte

O barulho de digitar pode ser a coisa mais indiferente do mundo, como também a mais irritante. Outro dia eu estava na minha aula de Técnicas de Comunicação I, e a professora pediu para que escrevêssemos uma crônica. Entretanto, já eram dezoito horas de uma sexta-feira, sinceramente, minha cabeça estava mais para a festa que eu ia à noite do que para escrever um texto.

Como não havia jeito, resolvi me concentrar e começar minha tarefa. Não sei se só acontece comigo, mas quanto mais eu olhava para a tela em branco, mais eu queria estar em casa me arrumando. Era como se encarando o vazio do meu texto, a tela do Word fosse se preencher automaticamente com trinta linhas de uma maravilhosa crônica, pronta para ser publicada no “O Globo”.

A questão é que eu mentalizei e nada aconteceu. Pobre do mestre Yoda, mas minha concentração de jedi não tem andado muito boa. O que ocorreu mesmo foi que: o barulho de todos os alunos digitando suas idéias e textos maravilhosos começou a me deixar mais nervosa e cada vez menos criativa. Era como se eu estivesse vendo meu final de semana me dar tchau e se distanciar aos poucos.

Então, procurando me acalmar, fechei os olhos para tentar ter alguma idéia, só que naquele momento eu não tinha idéias, a única idéia que me vinha à cabeça era: usar aquele vestido pretinho básico que fica ótimo pra qualquer ocasião com meu bom e velho amigo all-star, afinal, tênis são mais confortáveis para dançar a noite inteira.

Conforme a hora ia passando, a melodia das teclas ia me mostrando que eu ainda ia demorar pra ir pra casa. Até que eu tive a mais brilhante das idéias, como eu não pensei nisso antes? No meio daquela sinfonia de digitação, eu simplesmente fui até a professora e, aos prantos, disse:

---- PROFESSORA, EU ESCREVI UMA CRÔNICA LINDA, ENORME! QUANDO EU FUI SALVAR, O COMPUTADOR APAGOU TUDO! E AGORA? A AULA JÁ VAI ACABAR, NÃO VAI DAR TEMPO DE REFAZER!

O plano teria sido perfeito se ela não estivesse me observando batucar com os pés, fechar os olhos de dois em dois minutos e não digitar nada. O que só piorou a minha situação e me fez ficar algumas horas a mais depois da aula para escrever.

Depois de 3 horas na mesma sala, meu texto ficou pronto, não ficou nada excelente e minha nota também não foi nada excelente depois do “mico” que eu paguei com a professora. E é claro, a festa foi ótima, só teria sido melhor se o meu vestido pretinho básico ótimo para qualquer ocasião não estivesse lavando e se, no caminho da festa, eu não tivesse pisado com meu all-star nas fezes de um cachorro infeliz.