terça-feira, 11 de maio de 2010

E o felizes para sempre?

Aqui vai um banho de água fria pra todos os apaixonados.

O amor é sim o principal motivo que faz todos nós terminarmos deitados num divã antes dos 40 anos. Nós vivemos em um tempo que o amor é totalmente idealizado. Não leve a mal, você não é o único, é uma característica cultural.
Nossa sociedade vive baseada em filmes, novelas, seriados, livros que retratam um amor que não existe. Isso mesmo, NÃO EXISTE. O amor para sempre, o amor predestinado, o amor à primeira vista. E da onde isso surgiu?
Surgiu da nossa maneira de viver. Passamos a vida toda vivendo em uma linearidade, linearidade esta que está sempre voltada pra um clímax. Tudo nos leva para um clímax, desde os dias da semana até os citados relacionamentos. E aí que entra nosso grande problema. O clímax gera tédio. Tédio? Como?
Felizes para sempre? Esse é o final de todas as histórias, ué? E a continuidade? Não, não acabou ali, mas o sentimento é que ali foi o máximo do que poderia se atingir e ali acaba tudo que se pode contar, tudo de relevante da história. Acaba como?
É tudo uma questão de tesão encubado. A novidade gera uma excitação incontrolável e daí conforme o tesão encubado vai se liberando o que sobra, caso sobre, é apenas o que podemos chamar de amor. Amor este que encara a dura realidade do tédio, da rotina, e etc. E que te mostra que nada é pra sempre, que a cena do casal bonito dançando na rua, a declaração perfeita do filme, não existem. Tudo é idealizado, idealizado de acordo com aquilo que crescemos vendo.
Seria mais fácil se não entendêssemos o passado como algo ruim, o presente como algo ok e o futuro como a esperança de tudo. Porque nós nunca viveremos o futuro, nós só vivemos o presente, portanto é o que fazemos agora que vai nos mostrar o que nossa vida realmente significou. "E onde a sorte há de te levar, saiba o caminho é o fim, mais que chegar". Sim, é o percurso que importa e não o final, o final é o final, o final é o fim, o final é onde acaba, e ninguém vive o que acabou.
E aí está o problema dos relacionamentos, nós vivemos esperando os rótulos, os clímax,agora é namoro, agora é casamento. E daí o que é? O que importa é se você está feliz da maneira que está. Ninguém é obrigado a ficar preso a nada, as coisas acabam. Os relacionamentos só duram quando esgotado todo o famoso tesão encubado, você vai na rua e vê uma pessoa super interessante, mas chega em casa e vê que é com aquela pessoa que você quer estar, mesmo sabendo dos seus 300 defeitos. Não idealizem achando que com o amor vocês não se interessarão nunca mais por mais ninguém. A vida não é assim, as pessoas novas vão continuar despertando interesses. E vocês aprendam a viver, a se arriscar, entender que o presente é o que vivemos, o futuro é algo incerto e que não se vive, só se idealiza.
Desculpe-me o banho de água fria, não deixem de se apaixonar, não deixem de viver longos relacionamentos. Só tenham em mente que os filmes não são realidades, que o "felizes para sempre" talvez seja a coisa mais tediosa de se viver e que as pessoas não sabem o que você espera delas, e por isso vão te decepcionar.

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